quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Sobre as diferenças

ARTE CULTURAL & ARTE COMERCIAL

Existem no universo das artes dois territórios marcados por profundas diferenças: o Cultural e o Comercial, e entre eles, um abismo gigantesco.
Aproximadamente 90% da arte que se produz hoje é arte comercial, meramente decorativa - arte menor - sem importância cultural, sem importância para a história da arte, importante apenas para decoradores que de modo geral quase não entendem de arte, a não ser do quadro que combina com o sofá ou cortina do cliente. O volume é tamanho, que o público de modo geral quase não percebe a existência da arte cultural, a arte importante, aquela que fica na história, aquela feita por artista com verdadeira vocação.
A arte importante, não é fruto de profissão, e sim de vocação!
O profissional das artes como de qualquer outra área, procura atender as necessidades do mercado, produzindo aquilo que está na moda, seguindo tendências e vendendo para pessoas de gosto fácil. Afinal, estes profissionais pagam suas contas com atividades; entretanto, jamais podendo sonhar em fazer parte da história ou aspirar em representar o Brasil em uma mostra internacional importante, como uma Bienal. Nunca um artista foi inserido na história da arte.
Já os artistas de vocação, os poetas visuais do nosso tempo, produzem impulsivamente, retirando dessa relação energia vital de existência, criando para eles unicamente, exprimindo e traduzindo as suas verdades.
Frequentemente, românticos, rebeldes, marginais, gênios loucos, incompreendidos, pela maioria, eles são elogiados e admirados por minorias intelectualizadas (críticos, historiadores e colecionadores importantes).
A vocação cultural exige coragem, não é para qualquer um, o retorno é mais lento, porém mais sólido. Aqui as questões comerciais são consequências diretas da importância cultural do autor. A venda não é a finalidade. Ao final, o que os artistas culturais vendem é a sua importância, o seu valor autoral transferido e materializado em alguma obra, independente de tamanho de materiais.
Picasso conseguia transferir valor para pedaços de madeira com barro e barbantes (lixo e sucata) as quais passaram a valer milhões, qualquer "coisa" com valor de seu autor. Não existem obras maiores ou menores, existem artistas maiores ou menores.
Quando um "artista" fica prisioneiro apenas dos valores materiais dos componentes da sua obra, preocupando-se com a durabilidade, qualidade e nobreza dos materiais para facilitar a venda, Aqui se está vendendo um produto material sem valor autoral, ou seja, um produto decorativo e não Arte Cultural.
Refletir sobre nossa arte é tão importante quanto o fazer.

Waldo Bravo